![]() |
Imagem: Montagem/Folha Política |
Após anúncio da intenção, por parte do deputado Jair Messias Bolsonaro, de concorrer à presidência da República, evidenciaram-se, de maneira mais clara, distinções ideológicas nos integrantes das movimentações que pretendem, como foco, retirar o Partido dos Trabalhadores (PT) do poder.
A despeito de unidos na crítica ao governo atual, bem como sinérgicos e colaboradores em sua depreciação, expoentes da oposição entraram em conflito quanto ao valor e à viabilidade da candidatura de Bolsonaro à presidência da República. O ex-militar foi, no geral, apoiado por seus quase 400 mil seguidores no Facebook, além de entidades com viés anti-petista.
Constantino: "Muita calma nessa hora"
Para Rodrigo Constantino, articulista da revista Veja e presidente do Instituto Liberal, o valor do parlamentar restringe-se à sua atuação no Legislativo: "Bolsonaro tem seu papel, que é justamente o de combater com estridência a maré vermelha, os comunistas e socialistas que vestiram novas embalagens, mas continuam com o mesmo objetivo. O fato de ele não aparentar ter pretensões majoritárias até o momento fez com que ele pudesse radicalizar nesse nicho, atuando quase isolado (daí minha analogia com o exército de um homem só). Mas presidência é outra história. Exige acordo com a base aliada, tolerância, algum jogo de cintura, saber contemporizar, respeitar opiniões divergentes, ou seja, tudo aquilo que o PT não sabe fazer. Bolsonaro saberia? Pouco provável. Seu tom não é o de um conciliador ou agregador, mas o de resistência, de alguém que existe politicamente para ser um obstáculo a um mal maior, não para liderar o país na direção correta.", declarou, em recente artigo intitulado "Bolsonaro presidente? Muita calma nessa hora!".
Leia também:
Para melhorar nas pesquisas, Dilma pede ao Facebook que retire do ar páginas 'ofensivas' à sua imagem
Aprovação de Dilma cai para zona de alto risco, segundo critério Datafolha
Após perder popularidade, Dilma perde também eleitores, segundo Ibope
Historiador publica texto humilhando a presidente Dilma e gera polêmica
Vídeo com Dilma em paródia de propaganda do Bom Negócio viraliza na internet; assista
Governo paga viagem para jornalistas gringos falarem bem do Brasil e o grupo é assaltado no Rio de Janeiro
Aprovação de Dilma cai para zona de alto risco, segundo critério Datafolha
Após perder popularidade, Dilma perde também eleitores, segundo Ibope
Historiador publica texto humilhando a presidente Dilma e gera polêmica
Vídeo com Dilma em paródia de propaganda do Bom Negócio viraliza na internet; assista
Governo paga viagem para jornalistas gringos falarem bem do Brasil e o grupo é assaltado no Rio de Janeiro
Ademais, o economista criticou o que classifica como "viés autoritário" e próximo do Fascismo, o qual, segundo ele, estaria presente em Bolsonaro: "(...)O principal deles está na pesquisa que Leandro Narloch fez para seu mais novo Guia Politicamente Incorreto, perguntando aos deputados se acreditavam em uma lista de declarações sem citar a origem. Divulguei justamente esse capítulo do livro em primeira mão aqui no blog. Bem, a origem era Mussolini, e Bolsonaro foi o segundo deputado que mais concordou com o fascista". Em segundo artigo, Constantino condenou, também, ações de Bolsonaro que classifica como "homofóbicas".
Ao afirmar a emergência de um "radicalismo de direita", chegou a comparar tais movimentos ao Fascismo e à ascensão de Mussolini: "Se sua candidatura for apenas pragmática, para garantir um segundo turno e prejudicar a Dilma, tudo bem; entendo e até aplaudo. Agora, o risco que vejo é outro: cada vez mais gente abraça um radicalismo de direita que parece um petismo de sinal trocado. Gente que desconfia das urnas, da democracia, chama o PSDB de comunista e igual ao PT (absurdo, é esquerda, mas social-democrata e bem mais civilizada), e clama por intervenção militar, por um homem forte capaz de “colocar ordem nessa bagunça toda”. Isso é o tipo de demanda que levou a Mussolini na Itália! Essa postura, além de contraproducente ao liberalismo e à democracia no longo prazo, tem um efeito concreto e negativo de curto prazo, que fere justamente o pragmatismo necessário para a luta mais importante do momento, que é tirar o PT do poder: o voto nulo. Vi muita gente repetindo que ou é Bolsonaro, ou nada, pois todos os demais são igualmente podres e comunistas."
Ao afirmar a emergência de um "radicalismo de direita", chegou a comparar tais movimentos ao Fascismo e à ascensão de Mussolini: "Se sua candidatura for apenas pragmática, para garantir um segundo turno e prejudicar a Dilma, tudo bem; entendo e até aplaudo. Agora, o risco que vejo é outro: cada vez mais gente abraça um radicalismo de direita que parece um petismo de sinal trocado. Gente que desconfia das urnas, da democracia, chama o PSDB de comunista e igual ao PT (absurdo, é esquerda, mas social-democrata e bem mais civilizada), e clama por intervenção militar, por um homem forte capaz de “colocar ordem nessa bagunça toda”. Isso é o tipo de demanda que levou a Mussolini na Itália! Essa postura, além de contraproducente ao liberalismo e à democracia no longo prazo, tem um efeito concreto e negativo de curto prazo, que fere justamente o pragmatismo necessário para a luta mais importante do momento, que é tirar o PT do poder: o voto nulo. Vi muita gente repetindo que ou é Bolsonaro, ou nada, pois todos os demais são igualmente podres e comunistas."
Após o primeiro artigo, Constantino chegou a desativar a seção de comentários, alegando estar sendo perseguido, de forma organizada, por seguidores "fanáticos" do ex-militar.
"Rodrigo Constantino acaba de retirar de seu blog "área de comentários", alegando que meus seguidores, "sob meu comando" invadiram seu site com mensagens de apoio, quase sempre sem argumentos... Digo a todos que não tenho a "meu comando" fiéis seguidores, como Reinaldo Azevedo há poucos dias denunciou o acampamento de "guerrilheiros virtuais" de petistas, ora treinando para atacar a oposição. Lamentavelmente, Rodrigo Constantino, com sua decisão e infundada acusação, demonstra quem é o radical e não aceita a liberdade de expressão como força máxima da democracia. Levo pancada de todo mundo, mas Constantino não aceita ser contrariado.", respondeu Bolsonaro em publicação na rede social Facebook.
"Rodrigo Constantino acaba de retirar de seu blog "área de comentários", alegando que meus seguidores, "sob meu comando" invadiram seu site com mensagens de apoio, quase sempre sem argumentos... Digo a todos que não tenho a "meu comando" fiéis seguidores, como Reinaldo Azevedo há poucos dias denunciou o acampamento de "guerrilheiros virtuais" de petistas, ora treinando para atacar a oposição. Lamentavelmente, Rodrigo Constantino, com sua decisão e infundada acusação, demonstra quem é o radical e não aceita a liberdade de expressão como força máxima da democracia. Levo pancada de todo mundo, mas Constantino não aceita ser contrariado.", respondeu Bolsonaro em publicação na rede social Facebook.
Setti: "uma piada"
Ricardo Setti, jornalista e articulista da mesma revista, condenou a candidatura de Bolsonaro, avaliando-a como, de certa maneira, "ridícula": "a candidatura de Bolsonaro é uma piada porque ele não tem equilíbrio, nem postura nem preparo para ser presidente (e não me venham com o argumento de que, se Lula foi presidente, vale tudo, de que, se Collor foi presidente, tudo pode, de que, se Dilma, de quem se dizia “preparadíssima”, chegou lá, tudo vale — não, não vale, porque quero o MELHOR para meu país. Nada de nivelar a exigência por baixo! Já sabemos o resultado disso). As ideias e atitudes do deputado estão longe daquilo que os brasileiros MERECEM ter no próximo ocupante do Palácio do Planalto".
Veja também:
Saiba mais:
Doravante, complementou: "Em seus 24 anos como deputado federal — consultem seu perfil oficial na Câmara dos Deputados e seu site na internet –, embora tenha apresentado montanhas de projetos e participado de incontáveis comissões, Bolsonaro não demonstrou qualquer preparo apreciável em gestão pública, em economia, em relações internacionais e em uma série de outros requisitos mínimos necessários a quem aspira ser presidente da República. Seus cursos de saltos como pára-quedista, de mergulho treinado pelo Corpo de Bombeiros e sua passagem pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército (EsAO) certamente são úteis e interessantes, mas muito pouco para quem quer dirigir uma das 10 maiores economias do planeta."
Lauro Jardim: "mais uma graça"
O colunista Lauro Jardim abordou, também, a candidatura de Bolsonaro de forma jocosa: "Jair Bolsonaro decidiu fazer mais uma graça. Na semana passada, anunciou oficialmente à cúpula do PP que está disponível para se candidatar a presidente da República. Agora quer mais: Bolsonaro pretende fazer barulho pedindo para o Ibope e o Datafolha testarem seu nome em pesquisas."
Qual é a sua opinião a respeito desta candidatura, do contexto pré-eleitoral e deste debate?
Veja também:
Marcos Camponi
Folha Política
Editado por Folha PolíticaLeia mais notícias do poder e da sociedade em Folha Política