No julgamento em que o plenário do Supremo Tribunal Federal confirmou decisão monocrática do ministro Edson Fachin que anulou condenações do ex-presidente Lula, o ministro Marco Aurélio Mello fez uma dura crítica à atuação dos colegas. O ministro disse: "Apontar o que apontei como estaca zero...não cabe argumentar que precisamos ter concorrente em 2022! Presente a possível reeleição do atual presidente da República. Isso não é argumento jurídico! O que eu quero saber é onde a maioria está vendo direito líquido e certo a fulminar os processos-crime, voltando à estaca zero, que tramitaram nas instâncias ordinárias!".
O ministro apontou os impactos da decisão, dizendo: “A perplexidade da população passa a ser enorme. Julgando-se ações em que não se tem o contraditório, com atuação do Estado julgador… o desgaste para o Judiciário é enorme, pois se esvazia totalmente a segurança jurídica". Marco Aurélio lamentou: "É o inverno da nossa desesperança. Quando uma luz se apaga, é muito mais escuro do que se ela jamais houvesse brilhado".
O ministro Marco Aurélio acompanhou o voto do ministro Nunes Marques, dizendo: “Peço vênias para não decepcionar a sociedade brasileira. Não cabia ao relator julgar a matéria, não cabia estender às demais ações. Acompanho o ministro Nunes Marques”.