Durante live promovida pela deputada Bia Kicis para debater o voto impresso auditável, o especialista Amílcar Brunazo relatou sua experiência no acompanhamento do voto eletrônico no Brasil e apontou os problemas com o sistema eleitoral adotado pelo País. O especialista relatou que achava, inicialmente, que havia um problema técnico nas eleições brasileiras, mas que, com o passar do tempo, percebeu que o problema não era técnico e sim político.
Para Brunazo, o principal problema do sistema eleitoral brasileiro é o acúmulo de poderes da Justiça Eleitoral, de forma que os problemas técnicos são mera consequência. O especialista explicou que, no Brasil, a Justiça Eleitoral acumula todas as funções relacionadas às eleições e serve inclusive para julgar os casos relacionados à sua própria atuação. Brunazo disse: “se eu reclamasse, eu entrava com uma petição, aí eles vestiam a toga e viravam juízes onde eles eram réus. Percebi que o problema era esse acúmulo de poderes da Justiça Eleitoral e o problema técnico era consequência”.
Brunazo relatou ainda como os cientistas do mundo todo resolveram a questão da necessidade de auditar o processo eleitoral e questionou os motivos para que o Brasil não acompanhe esse debate. O especialista lembrou que três leis já foram aprovadas e posteriormente barradas. Quando a última lei estava em vigor, o corpo técnico do TSE publicou um artigo mostrando que a eleição com o voto impresso é segura e garante o anonimato do voto.
Amílcar Brunazo explicou: “esse artigo mostra três coisas: lá dentro do TSE, eles sabem: o voto impresso não quebra a inviolabilidade do voto; o voto impresso pode ser adaptado para permitir a automação da contagem; o voto impresso pode ser conferido pelo eleitor. Dentro do TSE, eles sabem disso; só que a propaganda que o ministro Barroso tem feito nega tudo isso”. O especialista concluiu questionando os motivos pelos quais membros da Justiça Eleitoral se opõem tão agressivamente ao sistema que propõe transparência nas eleições.