sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Jornalista Alexandre Garcia explica problemas na relação entre políticos e jornalistas: ‘cadê o respeito aos leitores?’


Em entrevista ao deputado federal Tenente-Coronel Zucco, o jornalista Alexandre Garcia comentou a imaturidade política dos eleitores brasileiros e também de seus representantes no Congresso. O jornalista apontou que muitos eleitores não têm consciência de que os parlamentares são mandatários, e assim devem respeito e satisfação aos seus eleitores. Garcia apontou: “o eleitor tem que se dar conta disso, e cobrar”. 

Alexandre Garcia explicou a diferença entre cobrar o representante e trocar favores, apontando que, quando há uma compra de votos ou troca de favores, o vendedor fica com o “rabo preso”, enquanto que, quando o voto é livre, o eleitor também é livre para cobrar. Ele comparou com os casos em que jornalistas pedem favores, recebem, e a partir de então, perdem a liberdade de noticiar sobre o político que fez aquele favor. 

O jornalista explicou: “essa relação entre políticos e jornalistas é outro problema. Quando vim para Brasília, tive um choque ao ver que, na redação, tinha jornalistas que eram empregados, também, da Câmara e do Senado. E trabalhavam no gabinete de um determinado senador ou deputado. E trabalhavam no gabinete, saíam de lá e iam para a redação do jornal, onde escreviam sobre o senador. Cadê o respeito aos leitores? Estão tapeando o leitor, tem um sujeito aqui que é parcial”. 

Garcia comentou ainda a falta de preparo dos jornalistas e também de políticos, que cobram coisas impossíveis por não estudarem. Ele disse: “Eu vejo essas coisas no dia-a-dia. As pessoas não leem a Constituição”. Alexandre Garcia lembrou que, quando estudante, carregava consigo a Constituição, que era uma garantia de respeito, e ponderou: “Hoje, ninguém mais dá bola para a Constituição. Nem os políticos leem a Constituição”. 

O jornalista exemplificou com o desrespeito à Constituição demonstrado na prisão do ex-deputado Daniel Silveira a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Alexandre Garcia disse: “está escrito: são invioláveis por quaisquer palavras. Não foi por acaso que escreveram a palavrinha “quaisquer”. Foi para dizer “quer falar mal da mãe do presidente da república? Pode falar, porque tem o mandato”. Aí prendem um deputado, com o qual eu discordo, em termos de estilo… eu discordo. Mas, meu Deus do céu, é uma questão de liberdade, ele representa os eleitores dele. (...) É uma questão de representatividade, que não está funcionando, e as pessoas não se dão conta”.

O deputado Daniel Silveira é um dos mais emblemáticos alvos da aberta perseguição política promovida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra seus adversários políticos. Mesmo em pleno exercício do mandato parlamentar, o deputado foi preso por palavras proferidas em vídeo, e permaneceu preso por mais de 7 meses. O deputado teve suas redes sociais bloqueadas e foi proibido de conceder entrevistas e participar de eventos públicos. Quando foi libertado, teve que utilizar uma tornozeleira eletrônica e só podia circular em Niterói e em Brasília. Seu patrimônio foi confiscado em multas sem previsão legal, e até seu salário foi diretamente confiscado, além de verbas relativas ao exercício do mandato. O deputado recebeu a graça presidencial após ser condenado, por suas palavras, a uma pena maior que a de muitos autores de crimes gravíssimos contra a vida. Mesmo após a graça, o ministro Alexandre de Moraes voltou a mandar prendê-lo e segue aplicando multas e punições ao ex-deputado, chegando mesmo a bloquear contas de sua esposa e advogada. 

O assédio ao ex-deputado é parte de um assédio a um grupo de pessoas, tratadas como sub-humanos e cidadãos com menos direitos, por manifestarem suas opiniões livremente e por apoiarem o ex-presidente Jair Bolsonaro. Medidas arbitrárias são tomadas contra essas pessoas, que têm seus direitos e garantias fundamentais desrespeitados. 

Além de ter tido a sede invadida e todos os seus equipamentos apreendidos, no âmbito de um inquérito do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que foi posteriormente arquivado por falta de indícios de crime, a Folha Política, atualmente, tem toda a sua renda confiscada a mando do ministro Luís Felipe Salomão, ex-corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, com o apoio e o louvor dos ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Edson Fachin. Há mais de 19 meses, todos os rendimentos do jornal estão sendo retidos sem justificativa jurídica. 

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