domingo, 5 de fevereiro de 2023

Parlamentares reagem a ameaças e críticas de Lula ao presidente do Banco Central: ‘quer destruir o Brasil’


O presidente Lula, em diversas declarações, criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e disse que planeja acabar com a autonomia do órgão. Parlamentares e economistas reagiram às declarações, que foram classificadas como absurdas. 

O senador Plínio Valério, autor da lei que deu autonomia ao Banco Central, reagiu, dizendo: “O presidente Lula ainda não compreendeu que já estamos em 2023. Sua cabeça e comportamento ainda estão em 2002. Apesar de sua determinação, ele não vai conseguir reverter a Lei de minha autoria que deu  autonomia ao Banco Central. Sem o Banco Central, Lula não pode executar sua gana de controlar tudo. Quando apresentei a Lei da autonomia do BC, tive muito trabalho com o boicote do pessoal do PT. Mas, com a colaboração dos senadores que apoiavam o governo Bolsonaro, três anos depois conseguimos aprovação histórica. Imaginem o PT hoje com o controle do Banco Central, responsável pela emissão de Moeda?”.

O senador Rogério Marinho disse: 

O Lula não cansa de jogar contra o Brasil. O ataque do governo à autonomia do Banco Central é um ataque a uma conquista da economia brasileira nos últimos anos, aprovada pelo Congresso Nacional por ampla maioria. 

Cabe ao BC assegurar a estabilidade dos preços da economia brasileira. As reformas estruturantes garantiram o maior crescimento da economia e o maior nível de geração de emprego dos últimos dez anos, com taxa de inflação menor que a registrada por países desenvolvidos. 

Toda vez que alguém tenta destruir esse tipo de conquista, o Brasil fica em descrédito, os juros futuros aumentam, afastando e punindo aqueles que querem investir e gerar empregos.

Isso já vem sendo observado desde a eleição. Em 28 de outubro do ano passado, a expectativa era de chegarmos a uma taxa básica de juros de 11% em janeiro de 2024. As falas desastradas pioraram a expectativa já em novembro.

Todos nós conhecemos a tentativa de se baixar os juros no grito, como a presidente Dilma fez em seu mandato. O resultado foram 3 milhões de empregos a menos. Em 2021 e 2022, mesmo com a pandemia, foram criados 4 milhões de empregos formais. 

Atuaremos no Senado Federal para impedir retrocessos na economia, para garantir a geração de emprego e renda.

O empresário e ex-deputado Alexis Fonteyne lamentou as declarações de Lula: “É nisto que dá ter “simplórios” no poder. Não estudam, não entendem, não se esforçam e acham que as soluções são simples como imprimir dinheiro para pagar as contas. Roberto Campos Neto é simplesmente o melhor presidente de banco central do mundo!”.

A deputada Caroline De Toni disse: “O ex-condenado voltou a atacar a autonomia do Banco Central – uma conquista do Governo Bolsonaro, que atravessou 4 décadas de discussão no Parlamento, e que impede a ingerência política no órgão – e disse pretender rediscuti-la após o término do mandato de Roberto Campos Neto, a quem chamou de "esse cidadão". A intenção de Lula e da esquerdalha não poderia ser outra senão a de meter o bedelho na instituição novamente, escambando quadros técnicos por quadros de origem política, p/ prejuízo da economia brasileira com a qual eles não têm o menor compromisso”.

O ex-deputado Paulo Eduardo Martins apontou: “A política de Campos Neto no BC é bem sucedida e reconhecida internacionalmente. Lula sabe que não vai reverter a independência do BC. Os ataques do PT têm o objetivo de tornar o ambiente insuportável para que Campos Neto peça pra sair e Lula possa indicar um presidente petista. O PT quer ampliar ainda mais os gastos do governo e pra isso busca fazer com que o BC possa comprar títulos da dívida. A inflação explode, mas dá ao PT condições de enganar a "clientela". O único resultado que interessa ao partido é sua manutenção no poder. A qualquer preço”.

Respondendo a declarações de Lula que disse: “quero saber do que serviu a independência do Banco Central”, o deputado Deltan Dallagnol disse: 

“Resposta: a independência serviu e serve pra impedir que Lula quebre o país. Não sou economista, mas tenho estudado o assunto por estar preocupado com os retrocessos econômicos do PT. 

Minha leitura, em 9 pontos, sujeita a revisão e aprendizado: 1. Lula gasta mais do que o governo ganha = irresponsabilidade fiscal. Irresponsabilidade com dinheiro não é novidade no governo do PT. Levou ao impeachment de Dilma. O pacote de contenção de Haddad foi pra inglês ver.

2. Como pagar a conta? Há 3 “soluções” e todas conduzem à crise econômica: aumento de impostos, aumento da dívida e impressão de dinheiro. Quanto à primeira, além de ser impopular, temos tributos já muito altos e seu aumento dependeria em boa medida do Congresso.

3. Se o BACEN não fosse independente, Lula poderia mandar imprimir dinheiro. Dinheiro é como outros bens: se a oferta de $ crescer artificialmente, ele perde seu valor real (poder aquisitivo). Haveria inflação e diminuição da renda (poder aquisitivo), especialmente dos + pobres.

4. Com BACEN independente, como Lula paga as contas? Sua opção é pegar + empréstimos e aumentar a dívida do governo que já é muito alta em comparação com outros países emergentes, em proporção ao PIB. Isso significa que um risco de calote é maior, aumentando os juros dos empréstimos.

5. Explico: investidores (fundos de pensão e estrangeiros, bancos etc.) só emprestarão $ a quem representa maior risco de dar calote em troca de juros maiores. Isso é um dos fatores que conduz ao aumento da taxa de juros básica da economia, a SELIC. Outro é controlar inflação.

6. A taxa de juros que o governo paga em seus empréstimos (SELIC) baliza a taxa de juros da economia. Isso porque o banco não vai cobrar menos juros de você, que representa risco maior, do que os juros que receberia se emprestasse dinheiro ao governo, comprando títulos públicos.

7. Juros altos aumentam gastos públicos (custos da dívida). Ainda, desincentivam a economia: fica + caro pegar empréstimos para atividades produtivas; e investidores preferirão deixar o $ no banco e receber juros do que investir na atividade produtiva com seus riscos

8. E se Lula forçasse o Banco Central a baixar a taxa de juros? Isso pode gerar 2 problemas: primeiro, descontrole inflacionário. Ninguém quer que o fantasma da hiperinflação nos assombre novamente. A inflação alta é equivalente a tributar mais os mais pobres, não é o caminho.

Segundo, poderia diminuir o volume de recursos emprestados ao governo, já que investidores exigem juros proporcionais aos riscos. Como o governo precisa pegar dinheiro emprestado pra pagar a própria dívida (rolar a dívida), e poderia não conseguir, surgiria o risco de calote.

9. E se o governo desse o calote nos seus credores? Esse foi o caminho da Argentina, no começo dos anos 2000, que até hoje paga um imenso preço por isso, com a fuga de investimentos estrangeiros, descontrole cambial, hiperinflação e recessão econômica.

10. Mesmo contra a visão da quase unanimidade dos economistas, Lula e alguns ministros seus seguem dizendo que responsabilidade fiscal é uma bobagem e que os juros devem ser baixados na marra, seguindo o caminho da Argentina, que no último ano amargou quase 100% de inflação.

É importante lembrar que a lógica econômica heterodoxa petista nos levou à maior crise econômica da história brasileira no fim do governo Dilma. Por isso, lutarei para preservar a independência do Banco Central e contra os retrocessos econômicos - além de morais - da era do PT.

O senador Ciro Nogueira disse: “Acabar com o avanço histórico da independência do Banco Central para que? Para criar o BC, o Banco Companheiro? O mercado não pode tudo, mas o Estado não pode substituir o capitalismo. Nem aqui, nem na China”.

O presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, alertou: “Os constantes ataques do PT à autonomia do Banco Central deixam claro: no Brasil, nenhum avanço está garantido. Não basta construir instituições melhores, é preciso lutar constantemente contra os que buscam destruí-las”.

O deputado estadual e economista Leo Siqueira disse: 

“NEGACIONISMO NA ECONOMIA

Lula criticou a taxa de juros e diz que pode rediscutir autonomia do Banco Central.

Não precisa ser PhD em Economia para entender que interferir no BC é ruim.

Basta ver o que aconteceu quando um país (a Turquia) resolveu fazer o mesmo por lá.

Em julho de 2019, o presidente da Turquia, Recep Erdogan, demitiu o seu Presidente do Banco Central, Murat Cetinkaya.

As pessoas não tinham entendido muito, já que Murat estava no cargo desde 2016.

Mas era uma mensagem: Erdogan queria interferir na taxa de juros.

Qual era a justificativa de Erdogan?

Ele afirmou que juros altos geravam inflação e baixá-los aumentaria o crescimento.

Não adiantou muito a pressão. 

Em meio a uma inflação rumo aos 10%, o novo presidente do Banco Central, Murat Uysal, subiu os juros de 16% para 24%.

Erdogan continuou reclamando da taxa de juros. Pouco mais de um ano depois, em novembro de 2020, Uysal foi demitido.

O próximo foi Naci Agbal. Esse não durou nem 6 meses. Saiu em Março de 2021.

Em menos de 2 anos, Erdogan tinha demitido 3 presidentes do Banco Central.

Mas finalmente conseguiu o que queria. Controlar a inflação? Não!

Mostrar que qualquer um que não seguisse a sua política monetária seria demitido.

Desde então os juros caíram para 9%.

Mas o mercado não briga, ele precifica. E o resultado dessa maluquice apareceu no câmbio.

- Em 2008, uma lira turca valia 0,84 dólares

- Em 2019, quando demitiu o presidente do BC, valia 16 centavos.

- Hoje, uma lira turca vale 0,05 dólares.

E inflação? Saiu de 16% em 2021, para 80% em 2023.

Esse é o preço do negacionismo econômico. Destruir a economia da Turquia.

Nosso Banco Central aqui é um pouco mais protegido que o da Turquia.

Por Lei, depois da aprovação da Independência do Banco Central, nenhum presidente pode demitir a bel-prazer o presidente do BC.

Mas por que ter um Banco Central Independente é bom para a economia de um país?

Um paper do Larry Summers e Alesina mostra que quanto mais independente for o BC de um país, menor tende a ser a inflação.

Em governos que possuem controle direto sobre os BCs, políticos podem ser tentados a mudar os juros a seu favor para criar booms econômicos de curto prazo.

Esse populismo de curto prazo, prejudicaria seriamente a economia no longo prazo.

Essa definição não é minha. É do próprio Banco Central Europeu.

Mas o governo que criticou o negacionismo de um lado, pratica o mesmo na Economia e ignora as evidências existentes.

É isso que Lula vai conseguir ao declarar guerra às leis econômicas e retirar a Independencia do BC.

Vai trazer mais inflação, mais desemprego, menos crescimento, menos renda.

E o pior, depois vai colocar a culpa da sua incompetência em alguém, para tentar se reeleger em 2026.

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