Ao iniciar a sessão da Comissão de Segurança Pública que deveria ouvir o ministro de Lula, Flávio Dino, mas que foi ignorada, o presidente da comissão, deputado Sanderson, fez um discurso para lembrar a importância do tema da segurança pública e repudiar o descaso do governo Lula e seu ministro.
O deputado lembrou que o ministro foi convocado a prestar esclarecimentos à Comissão para tratar de dez assuntos diferentes. Ele citou: esclarecimentos sobre o estranho “desaparecimento” das imagens das câmeras do ministério no dia 8 de janeiro; os decretos de “regulamentação” de armas; o impacto das invasões de terras; a interferência na polícia federal; fake news disseminadas pelo ministro; cortes no orçamento da segurança pública; ataque aos membros da Comissão; controle de conteúdos no Youtube; prisões em operação contra dados falsos de vacina; e criminalização dos games.
Sanderson leu o ofício em que Dino informou, quase meia hora após o início da sessão, que não pretendia comparecer. O deputado afirmou: “eu nunca li um discurso nos quase 5 anos que estou aqui na Câmara. Mas para hoje eu fiz questão de elaborar rapidamente um esboço daquilo que nós temos presenciado na Segurança Pública, em 2023, algo que nos preocupa muito”. O deputado lembrou: “não é de hoje, mas desde a década de 90 os governos têm falhado no enfrentamento à criminalidade no Brasil”. Ele acrescentou: “Desde FHC, na década de 90, quase 30 anos passados, seis governos ocuparam o Palácio do Planalto e 23 Ministros passaram pelo Palácio da Justiça. Nesse período, à exceção de 2019 e 2022, o improviso e o amadorismo irresponsável pautaram a segurança pública no País — amadorismo esse que tem custado a vida de milhares de pessoas”.
O deputado fez duras críticas aos governos petistas anteriores e assinalou o início de progresso nos governos Temer e Bolsonaro, e lamentou o aberto desinteresse do atual governo sobre o tema. Sanderson disse: “Todos aqui neste plenário sabem ou, pelo menos, deveriam saber — o Ministro da Justiça deveria estar aqui ouvindo isso, mas parece que ele não compreendeu isso ainda, depois de 9 meses à frente do Palácio da Justiça —, considerando suas funções e responsabilidades como agentes públicos que são, que o narcotráfico e a guerra entre facções criminosas são alimentados muitas vezes por Governos que, de concreto, nada fizeram e nada fazem, preferindo politizar a discussão do termo segurança pública. E assinalo e repiso: a segurança pública não pode ser politizada, muito menos ideologizada. Não há espaço para ideologia, nem para politização, nem para lacração, nem para causação dentro da segurança pública”.
Sanderson alertou: “Vivemos momentos difíceis na segurança pública. Algo que não incomodava a população brasileira nos últimos 4 anos passou a incomodar novamente. Facções criminosas estão botando de joelhos o Estado; os assassinatos, aumentando; a narcotraficância, flagrantemente aparecendo Brasil afora. E nós, com as nossas responsabilidades aqui no Congresso Nacional, precisamos mudar esse cenário. Cabe a nós fazer isso, já que o Poder Executivo, notadamente o Palácio do Planalto e o Palácio da Justiça, está fazendo vista grossa, se omitindo de forma leviana e covarde. A ausência do Ministro aqui é prova dessa covardia”.
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