quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Embaixador Ernesto Araújo explica gravíssimos impactos após Lula ser declarado ‘persona non grata’ por Israel: ‘é uma consequência muito pesada’


Em entrevista ao canal PHVox, o embaixador Ernesto Araújo, ex-ministro de Relações Exteriores, explicou o significado do ato do Estado de Israel, de declarar o presidente Lula uma “persona non grata”. O diplomata explicou: “Essa declaração do primeiro ministro Netanyahu, de Lula como persona non grata, isso é raríssimo nas relações internacionais, porque o termo persona non grata e a sua utilização, quase sempre ele se faz no ambiente de uma embaixada. Isso está previsto na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, quando um país que hospeda uma embaixada estrangeira que de alguma maneira não quer mais aquele embaixador ou outro membro daquela embaixada, ele tem essa faculdade de declarar o embaixador ou outro diplomata persona non grata, que equivale a uma expulsão”.

Araújo explicitou: “normalmente, se entende que essa pessoa tem um par de dias, aí, para deixar o país”. Apontando que a declaração em si já é rara, o diplomata prosseguiu explicando que, no caso em questão, foi o presidente de um país que foi declarado “persona non grata”. Ele disse: “É gravíssimo”. Araújo apontou que, quando um embaixador, por algum motivo, é declarado “persona non grata”, ele deve ser substituído, mas a relação entre os chefes de Estado e chefes de governo é preservada. 

O diplomata comparou: “Mas quando Netanyahu diz que o Lula é persona non grata e sustenta que o problema está nessa relação com o chefe de Estado e que, portanto, já extrapolou, digamos, da esfera dos entendimentos diplomáticos, isso significa muito mais do que dizer ‘olha, não queremos que o Lula venha a Israel’, porque isso significa dizer ‘olha, nós repudiamos essa pessoa, repudiamos o governo’”.

O embaixador explicou que o nome do próprio país está em jogo. Araújo disse: “e isso é gravíssimo. Ele está arrastando o nome do Brasil para uma situação como essa. Eu não me lembro de nenhum caso disso ter acontecido, de um chefe de Estado ser declarado persona non grata. Então, é uma consequência muito pesada”. 

Ernesto Araújo desabafou: “é um atestado de canalhice que Lula e sua diplomacia estão assinando”. O diplomata acrescentou: “o Brasil que se vê nessa situação, que obviamente não corresponde àquilo que os brasileiros querem e desejam. Serem repudiados dessa maneira, por uma fala como essa. Então, realmente é gravíssimo e muito profundo o que está acontecendo”.

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