No decorrer de transmissão ao vivo do programa Código Fonte, o embaixador Ernesto Araújo, ex-ministro de Relações Exteriores no Governo Bolsonaro, analisou as perspectivas, para o Brasil, e em particular para os defensores do estado de direito e da democracia no país, de uma possível eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos.
O embaixador foi questionado se a eleição de Trump seria um bom sinal para os conservadores no Brasil ou se a reação à tirania tem que ser feita internamente. Araújo respondeu: “Eu estou convencido de que precisa das duas coisas. Precisa de uma resistência interna muito mais sofisticada, muito mais inteligente do que aquela que existe hoje. É preciso muito mais, algo muito maior. Mas ao mesmo tempo, nenhuma sociedade sujeita a um poder totalitário jamais, acho, conseguiu sair desse poder sem um apoio externo. E então o Trump, os EUA ainda são o país mais poderoso do mundo, pode fazer uma diferença muito grande. Colocar o peso desse país a favor daquilo que a gente acredita: liberdade, democracia, verdade”.
Ernesto Araújo apontou como Trump tem demonstrado ter uma percepção da ameaça totalitária em todo o mundo, lembrando como Trump se opôs aos avanços totalitários da OMS. O diplomata disse: “então, o Trump tem a visão do que está acontecendo no mundo e mesmo que não tenha a visão completa do Brasil, isso vai ser muito importante, sim”.
Araújo lembrou que, desde o governo Bolsonaro, vinha alertando sobre a oposição entre nações democráticas e países totalitários. Ele disse: “Naquela reunião - do Governo Bolsonaro - que foi de abril de 2020, o que eu quis dizer é o seguinte: algo que eu tenho expressado de várias maneiras diferentes desde então. Eu acreditava, e a gente estava trabalhando por isso, entre países democráticos, Brasil, os Estados Unidos, Índia, Japão, mas sobretudo Brasil e Estados Unidos, eu acreditava que era a hora em que estava surgindo um novo grupo de nações livres, democráticas, que, de certa forma, estariam no centro da consolidação de um mundo livre, um mundo baseado em nações e não em consensos abstratos. (...) Um mundo onde o sistema multilateral, Nações Unidas, etc, seriam realmente um lugar onde os países se encontram e não onde organismos dão ordens para os países. Um mundo que não seja manipulado por agendas totalitárias, um mundo onde você não tenha estados de exceção sendo declarados a pretexto do clima ou de pandemia, e assim por diante. Um mundo onde você não tenha países totalitários exportando seu modelo totalitário, onde as regras de comércio internacional não sirvam a favor dos que têm projetos hegemônicos e totalitários, e assim por diante. E eu, naquele momento, caracterizei esse mundo. Brasil e Estados Unidos seriam, digamos, o eixo disso, mas sobretudo a partir do trabalho meu com o Mike Pompeo, o secretário de Estado dos Estados Unidos na época. Fizemos duas ou três reuniões virtuais com chanceleres desses países que eu mencionei: Japão, Austrália, Coreia e Israel. E basicamente esse era o núcleo. Se eu me lembro bem, seria, digamos, um novo G7 ou um novo BRICS, um BRICS do bem, digamos assim”.
Araújo explicou: “Identificamos: o mundo está indo pro lado do totalitarismo. Como é que a gente faz para reverter isso? Quais são os instrumentos desse caminho para o totalitarismo? O multilateralismo, o crime organizado, o projeto hegemônico chinês. Então, a gente se reunir para reverter isso, os países que ainda querem preservar a democracia, para reverter essa onda, para que você não tenha multilateralismo trabalhando a favor do totalitarismo, para que você não tenha o projeto hegemônico chinês avançando e para que você não tenha o projeto criminoso na América Latina, não só nela, avançando”.
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