sábado, 6 de julho de 2024

Juíza Ludmila faz pronunciamento avassalador sobre perseguições de Moraes, mostra avanço de denúncia internacional e alerta: ‘O aparato estatal com todas as armas apontadas para você’


A juíza aposentada Ludmila Lins Grilo palestrou durante o Congresso Conservador Brasil - USA, quando explicou a mudança que começou a acontecer e afirmou acreditar que já se iniciou uma fragilização das bases da ditadura que está instalada no Brasil. A juíza relatou sua própria história de perseguição política, assim como de outros exilados, e dos presos e perseguidos políticos no Brasil.

Ludmila Lins Grilo lembrou que se tornou conhecida e passou a ser perseguida justamente por denunciar o ativismo judicial no Brasil. Ela disse: “O ativismo judicial do STF já estava assim, extremamente exacerbado e para mim aquilo era muito claro, mas para outros juízes não era. (...) Eles começam com ativismo. Daqui a pouco a coisa sobe, sobe um degrau e vira uma juristocracia, ou seja, o governo dos juízes. E por último, termina no nosso estágio que nós estamos agora, que é a ditadura do Judiciário. Então a ditadura do Judiciário começa lá com o ativismo judicial, e para mim já era muito claro aonde que aquilo ia dar”.

Ludmila explicou que, se o ativismo judicial tivesse sido enfrentado desde seu início, teria sido mais fácil evitar seu avanço. Ela explicou que, em 2019, a ditadura judicial se instalou, com o inquérito das fake news e o início da censura aberta. Ela disse: “Ali começou o primeiro episódio de censura e as ditaduras são caracterizadas pelos episódios de censura. Então, por isso que eu coloco como marco inicial da nossa ditadura o ano de 2019”.

A juíza explicou que, naquele momento, percebeu que teria que pagar um preço pela liberdade. Ela disse: “esse preço tem que ser pago e ele tem que ser pago por algumas pessoas, ainda que seja uma uma meia dúzia ali que se colocam em condição de sacrifício. Não é um preço barato você pagar por essa liberdade. Não é barato, é caro pra caramba. E as pessoas, cada um de nós aqui paga um determinado preço, maior ou menor, pela nossa liberdade que a gente está tentando recuperar. Uns pagam um preço muito alto, como por exemplo, pagou o Clériston, o Clezão pagou com a morte, ele morreu. Acho que até agora o preço mais alto pago pela nossa liberdade, quem pagou foi o Clezão, que morreu. Outros tantos pagam com algo também muito caro à nossa existência, que é o preço da própria liberdade. Milhares e milhares de pessoas estão hoje pagando um preço lá na Papuda, lá na Colmeia, porque eles, em algum momento da vida deles, eles foram à Praça dos Três Poderes. Eles foram a Brasília naquele dia fatídico, lutar pela nossa liberdade. Esses estão pagando com o seu próprio corpo físico, estão presos, estão encarcerados”.

Ludmila deu exemplos de exilados e perseguidos políticos, expondo a devastação que é causada quando a máquina do Estado é utilizada para perseguir indivíduos. Ela disse: “Eu estou colocando isso é para que todo mundo perceba que algumas pessoas estão pagando preços muito altos pela nossa liberdade. Imagine você se ninguém, ninguém tivesse essa disposição para lutar nesse nível”.

A juíza disse: “é muito difícil você viver uma vida dessa forma e suportando toda essa carga pesada da máquina pública, do aparato estatal, com todas as armas apontadas para você no seu CPF. Então essa minha fala aqui hoje é uma fala sobre justamente o preço da liberdade. Algumas pessoas pagam esse preço muito alto e por todos nós, por todos nós. Então sou grata ao presidente Bolsonaro por ter posto a vida dele e a paz dele. Esse homem não vive em paz e não vive em paz até hoje. Ele vai pagar esse preço para o resto da vida dele”.

Ludmila falou sobre a importância de que as pessoas se conscientizem que terão que pagar um preço pela liberdade, ainda que apenas assumir o risco de ir a uma manifestação. A juíza disse: “Tem gente dando milhões e milhões de contribuição, perdendo muita coisa, perdendo cargo, perdendo o seu patrimônio, perdendo a sua família, perdendo sua liberdade e como eles vão perdendo até a sua vida. Lembra do caso do Daniel Silveira, que é um exemplo que eu procuro nunca esquecer?”. Ela expôs os absurdos na perseguição a Daniel Silveira e disse: “é justamente isso que caracteriza uma ditadura. É justamente os caras fazerem coisas que não podem, que não podem ser feitas.” 

Ludmila Lins Grilo afirmou: “quando todas as forças do Estado, as armas do Estado são apontadas para você no seu CPF, você tem três alternativas. Você tem três condutas que você pode adotar”.

A juíza explicou: 

“A primeira delas é se curvar, se humilhar, falar ‘sim, senhor, vou te obedecer’. Essa opção eu não recomendo. E por um motivo assim, muito simples. Primeiro que é desonroso você ficar se submetendo a ordens ilegais e inconstitucionais. E segundo, porque não dá certo. Quando você abaixa a cabeça para o tirano, se age assim, você se humilha, ele vai te humilhar de qualquer forma, não vai funcionar.  É aquela frase do Churchill sobre Chamberlain na Segunda Guerra: ‘entre a desonra e a guerra escolheste a desonra e terás a guerra’. (...) 

A sua segunda alternativa é permanecer ali, no campo do inimigo. Por exemplo, Bolsonaro fez isso. Ele está nessa segunda alternativa. Você permanece no campo do inimigo, só que de mãos atadas. (...) é uma opção. Pelo menos não é desonroso como a primeira opção. (...) É menos pior do que a primeira. 

E a terceira hipótese, que foi a hipótese que eu dei, foi o caminho que eu escolhi, é você sair do campo de controle do seu inimigo. (...) Muitos estão vindo aqui aos Estados Unidos e outros estão indo para Argentina. (...)  Quando se esgotam os meios internos de resolução desses conflitos, a gente vai ter que partir para os meios externos, que é o que está acontecendo”.

Ludmila Lins Grilo apontou que há indícios de mudanças no ar, que podem ser vistos na leve alteração da abordagem dada pela velha imprensa às condutas do ministro Alexandre de Moraes. Ela enfatizou a importância da intervenção do empresário Elon Musk, expondo ordens ilegais de censura do ministro durante a campanha eleitoral, e apontou que, após isso, a velha imprensa começou a fazer levíssimos questionamentos ao ministro. Ela apontou: “Depois do fenômeno Elon Musk, eles já passaram a dizer a palavra censura”. 

A juíza afirmou: “Então vocês vejam que assim as coisas estão acontecendo, estão acontecendo porque essas coisas não acontecem do dia para noite, mas eu vou só percebendo esses movimentos. E o movimento da extrema imprensa já está sendo agora no sentido de largar a mão do Moraes. Eu não sei se ele já percebeu. Ele me parece ser bastante idiota pra não ter percebido”.

Ludmila Lins Grilo concluiu dizendo: “Então, o Brasil de agora não é o mesmo Brasil de antes de abril. As coisas já mudaram e vão continuar mudando. Se todos nós, cada um de nós der os seus cinco cents de contribuição, pagando o preço da nossa liberdade. E eu vou terminar então a minha fala com uma frase do ex-presidente Ronald Reagan em que ele dizia: ‘A liberdade nunca está a mais de uma geração da extinção’”.

Muitos jornalistas e veículos conservadores vêm sendo implacavelmente perseguidos, como é o caso da Folha Política. Nossa sede foi invadida e todos os nossos equipamentos foram apreendidos, a mando do ministro Alexandre de Moraes. À época, o jornalista Alexandre Garcia assinalou que algo semelhante só havia ocorrido na ditadura Vargas, não havendo qualquer exemplo semelhante durante o tão falado regime militar. Mesmo em ditaduras consolidadas, não é comum que se apreendam todos os equipamentos, em claríssima violação a tratados internacionais como o Pacto de São José da Costa Rica. 

Posteriormente, a Folha Política foi alvo do ministro Luís Felipe Salomão, que ordenou o confisco da renda de diversas pessoas, sites e canais conservadores, para impedi-los de exercer suas atividades. Mais de 20 meses da renda dos veículos e comunicadores afetados seguem confiscados, enquanto o inquérito vai sendo transmitido de relator em relator. 

Outros jornalistas e comunicadores foram presos sob alegações como a de sair do país sem saber que estavam sendo investigados. Um deles perdeu o movimento das pernas em um estranho acidente na cadeia, enquanto estava preso por crime de opinião. Ao conseguir refúgio em outro país, viu sua família ter suas contas bloqueadas para que não pudessem receber doações de pessoas que se sensibilizam com a situação de seus filhos. Vários pedem há anos que apenas devolvam seus equipamentos eletrônicos, inclusive com as memórias de entes queridos e da própria família. Outros buscaram refúgio em outros países e são considerados “foragidos” e são alvo de campanhas de difamação pela velha imprensa. 

As medidas arbitrárias impostas aos jornalistas e comunicadores conservadores, por suas características processuais, violam diversos artigos da Constituição e também de tratados como a Declaração Universal de Direitos Humanos e o Pacto de São José da Costa Rica, que protegem a liberdade de expressão e vedam tribunais de exceção. 

Os exemplos são muitos e a perseguição não cessa. Casas invadidas, redes bloqueadas, censura, bloqueio de contas, confisco de bens, cancelamento de passaporte, proibição de contato, entre outras. Nos inquéritos políticos conduzidos em cortes superiores, basta que parlamentares de extrema-esquerda apresentem “relatórios” ou “reportagens” produzidos por pessoas suspeitas e interessadas, acompanhados de listas de pessoas a serem perseguidas, para que essas pessoas sejam privadas de direitos fundamentais. 

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