Durante audiência pública da Subcomissão Especial dos Direitos dos Presos do 8 de Janeiro, da Câmara dos Deputados, o indígena Rodrigo Pereira Santiago, preso a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e atualmente no exílio, relatou os abusos de direitos humanos a que vem sendo submetido desde o 8 de janeiro.
Santiago relatou que chegou a Brasília no dia 7 de janeiro e, no dia 8, esteve na Praça dos Três Poderes e entrou em um prédio ao ajudar pessoas que se protegiam das bombas de gás lacrimogêneo que foram jogadas sobre os manifestantes. Ele relatou a brutalidade das prisões, a declarada motivação política de agentes, e os maus-tratos na penitenciária, que incluíam humilhações, fome, privação de tratamento médico, falta de banho de sol, superlotação, entre outros.
Ao ser questionado pelo advogado Cláudio Caivano, Santiago relatou que a condição de indígena nunca foi levada em consideração, seja pelos policiais, pelo Ministério Público ou pelo Judiciário, e que nenhuma entidade de proteção aos povos originários o procurou ou ajudou.
O deputado Marcos Pollon comparou com o que ocorre com ativistas da extrema-esquerda que se declaram indígenas para cometer crimes, e que são protegidos pelo Estado e até auxiliados em crimes de invasão de propriedades. Pollon relatou casos absurdos em que as forças policiais não ajudaram os proprietários contra grupos autodeclarados indígenas, e apontou: “me causa estranheza a violência a que o depoente foi submetido, porque no meu estado, quando nós recebemos denúncias de [crimes graves], a polícia não adentra as comunidades porque, segundo dizem, é atribuição exclusiva da Polícia Federal. Ou seja, só é considerado comunidade originária ou indígena se vier para invadir fazenda, se vier do Paraguai. Porque os verdadeiros povos originários estão sendo tratados dessa forma, como o depoente”.
O deputado Sargento Gonçalves, por seu turno, relembrou sua carreira na polícia e disse: “nos causa ainda mais perplexidade, uma indignação, de fato, que não dá para descrever aqui, quando a gente escuta a forma que essas vítimas do regime, descrevem, como foram tratados dentro de um presídio por agentes da ditadura. (...) tinha pessoas ali na condição de reféns, pessoas que não cometeram crimes, então estavam de fato na condição de reféns”.
O deputado apontou: “são perdas de fato irreparáveis, que o Brasil não tem como reparar. Pode vir uma anistia, mas tem um preço que é irreparável”. Sargento Gonçalves lembrou: “não era para ser anistia, era para ser anulação dos processos. Mas, diante de uma instabilidade, de uma crise institucional sem precedentes, é o remédio que nós temos para tentar pelo menos sanar essa injustiça. Não reparar, mas pelo menos sanar a injustiça que tem ocorrido em nosso país”.
O deputado afirmou que, ao entrar para a política, não imaginava que o Brasil pudesse chegar a esse ponto de erosão do Estado de Direito. Ele disse: “Eu imaginava chegar aqui para lutar por segurança pública de qualidade, lutar pelos direitos dos operadores de segurança pública, por uma legislação penal que combatesse de fato o crime. Eu não imaginava ter que lutar por um direito tão basilar, tão básico e tão sagrado, que é o direito à liberdade. É um direito tão importante! Mas eu creio que Deus nos constituiu para esse tempo e por isso não temos a opção, o direito de desistir. Não temos o direito de desistir”.
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