Durante sessão do plenário, diversos senadores expuseram seu assombro e revolta com as prisões do ex-presidente Jair Bolsonaro e de comandantes das Forças Armadas, e defenderam a anistia aos presos e perseguidos políticos do ministro Alexandre de Moraes, bem como seu impeachment.
O senador Esperidião Amin expôs: “nós do Congresso temos dois caminhos. Na Câmara, colocar em votação o projeto de lei da anistia ou - como alguns querem tornar o principal texto - da dosimetria da pena, mas que se respeite a maioria. E, se a maioria pedir anistia, que o projeto venha para o Senado, para aqui nós votarmos. Quem quiser votar "sim", vota "sim", quem quiser votar "não", vota "não", mas não venham com a desculpa da inconstitucionalidade. E, aqui no Senado, eu quero reiterar ao Presidente Davi Alcolumbre que é inconcebível que não tenha tramitado o requerimento, com 30 assinaturas, para a CPI da "vaza toga"”.
O senador Jorge Seif Jr pediu um aparte ao ouvir uma menção a Eduardo Tagliaferro, ex-auxiliar de Moraes que denunciou ilegalidades nos processos conduzidos pelo ministro. Seif disse: “eu preciso, como Senador, pedir perdão ao Brasil por termos reconduzido um PGR a quem simplesmente falta coragem e falta independência. O Gonet envergonha a Procuradoria-Geral da República. Em vez de ouvir as denúncias de Tagliaferro e apurar, não, ele faz um parecer de acordo com a vontade de Alexandre de Moraes para trazer Tagliaferro para cá, uma forma claríssima de constrangê-lo, de calá-lo, de coagi-lo a parar de falar tudo aquilo que ele viu com os seus olhos - mas ele passou de lado, ele mudou de lado”.
Seif também leu um texto de sua autoria sobre a prisão de Bolsonaro e dos comandantes, onde expôs o absurdo de se criminalizar uma vigília de oração. O senador Izalci Lucas, por seu turno, também mencionou a perseguição religiosa e lembrou a responsabilidade do Congresso: “Agora chegou o momento para que o Congresso faça o seu trabalho e coloque a anistia em pauta. Agora é hora de votarmos a anistia ampla e irrestrita na Câmara e, chegando aqui, ao Senado, que a gente vote com urgência. Esta é uma pauta de extrema importância para o Brasil: principalmente manter o Estado democrático de direito, lembrando que a anistia é para tirar todas as decisões arbitrárias que foram tomadas pela narrativa que foi criada pelo possível golpe de Estado”.
O senador Cleitinho expôs o absurdo dos presidentes das duas Casas Legislativas impedirem o debate: “espero, sinceramente, com todo respeito ao Presidente da Câmara, Hugo Motta, e também ao Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que deixem o processo fluir. É muito simples. Isso aqui é a democracia. O Plenário é soberano. Quem é contra a anistia, é simplesmente subir aqui no Plenário e se posicionar, dizendo que é contra. Não tem problema nenhum. Agora, como eu, que sou favorável à anistia: sobe aqui - como estou subindo - e fala "eu sou a favor da anistia". Pronto. E deixa votar e passa isso a limpo e acaba com isso e segue o jogo”.
Até o senador Sérgio Moro se manifestou pela anistia aos presos e perseguidos políticos do ministro Alexandre de Moraes, apontando os excessos e arbitrariedades cometidos contra os presos do 8 de janeiro. Ele disse: “quando nós colocamos tudo isso junto - leniência de um lado para quem praticou crimes graves e rigor excessivo em relação aos manifestantes do 8 de janeiro, ou a negação ao Bolsonaro da prisão domiciliar - é que nós percebemos que tem alguma coisa errada aí com o nosso país, que precisa ser consertado”.