Durante audiência pública no Senado sobre a situação dos presos políticos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a deputada Júlia Zanatta explicou como as prisões políticas do ministro levam ao completo descrédito do Congresso Nacional.
A deputada Júlia Zanatta apontou: “o que acontece aqui, com a falta de individualização das condutas de cada um do dia 8 de janeiro, acabou com o Estado democrático de direito”. ela deu o exemplo da cabeleireira Darisa, que só chegou a Brasília à noite, após o fim das depredações, e teve sua vida destruída ao ser incluída nas prisões em massa. A deputada lembrou que, ao visitar as presas, prometeu que elas não seriam vistas como criminosas. Zanatta disse: “eu prometi que ninguém, nenhuma daquelas mulheres seria tratada como criminosa. Nós temos falhado quanto a isso? Não, nós temos combatido, nós temos lutado e nós não vamos desistir”.
A deputada expôs a responsabilidade do Congresso nas violações de direitos, em especial do Senado. Ela disse: “a pacificação deste país não tem outro caminho, ela passa pela anistia dos presos políticos, passa pela reparação dessa injustiça. Enquanto nós não tivermos a anistia, nós não vamos ficar em paz. Ninguém gosta de ver um brasileiro com raiva de uma instituição (...) Eles estão ficando com raiva do Congresso Nacional. Estão desacreditados, porque, se eles vão votar, Senador, os Senadores, os Deputados, mas depois quem decide tudo é o Supremo Tribunal Federal, então para que toda essa estrutura aqui?”
Zanatta acrescentou: “podem ter certeza: todo o Brasil, todo brasileiro está com a sensação de injustiça. Enquanto nós não repararmos essa injustiça, este país não vai ficar em paz. Por quê? Porque sem justiça, com uma sensação de que não existe mais a justiça, as pessoas não acreditam em mais nada. E, quando elas não acreditam em mais nada, elas podem acreditar em qualquer coisa”.
O senador Eduardo Girão, que presidia a audiência, disse: “Eu faço minhas as palavras da Deputada Julia Zanatta no aspecto de que nós estamos vivendo um momento de sombras, de trevas aqui no Brasil, muito grande! É por isso que a gente precisa trazer as entranhas aqui, mostrar a podridão que a nossa democracia vive e buscar soluções para a cura”
O senador apontou: “Os presos de 8 de janeiro não mataram ninguém; são presos políticos. Não foi encontrada uma arma! Olha que inversão completa de valores que a gente está vendo! E a gente vê, faz parte do jogo político infelizmente, mas a gente vê colegas subindo à tribuna, com ódio nos olhos: "Não à anistia! Quem é que vai garantir que eles não vão fazer..." É um negócio surreal o que a gente está vendo. E essas são as pessoas que foram anistiadas no passado, são esses grupos que foram anistiados. Aí vem aquele pensamento cristão, vem aquela passagem de que você não queira para o próximo o que você não quer para si mesmo. Então, a gente percebe aí os valores, os princípios desses nossos irmãos e irmãs, porque nós somos filhos do mesmo Deus. Podemos ser adversários no campo da política, jamais inimigos! Nós precisamos entender isso”.